A repórter Camila Rocha fala sobre a série Conflitos da Mente.

A repórter Camila Rocha é uma das responsáveis pelo sucesso da série “Conflitos da Mente”, apresentada esta semana no programa Barra Pesada. Camila conversou com o Jangadeiro Online sobre o desafio de mostrar ao público uma parcela da população tão grande e tão esquecida. Camila falou dos pontos mais marcantes da série e das emoções das dificuldades nas abordagens à essas pessoas tão especiais.

Jangadeiro Online – Como surgiu a ideia de falar sobre Saúde Mental Pública?

Camila Rocha – A princípio, nós pensamos em fazer uma matéria que abordasse algum assunto da nossa realidade para a televisão. Mas, nos preocupamos em trazer à tona um assunto polêmico sem que caíssemos na pieguice, no sensacionalismo. Então pensamos nesse assunto tão delicado, que é a saúde mental. Sabíamos que teríamos muita dificuldade, porque ainda existe muito preconceito, mas resolvemos ir em frente. E a medida que avançávamos nesse material, descobríamos muitas outras coisas e, pensamos que nós, como imprensa, poderíamos mostrar um assunto pouquíssimo visto na mídia. Milhares de pessoas sofrem com esse problema e não tem coragem de cobrar seus direitos por medo do preconceito. E nós conseguimos chegar até elas. Conseguimos mostrar de uma forma, acredito eu, bem humana, que essas pessoas precisam de ajuda e que a sociedade precisa olhar pra elas de uma outra forma, com outro olhar
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Jangadeiro Online – E o que você destaca de mais marcante nessa experiência pra você?

Camila Rocha – Eu já sou repórter há seis anos e confesso que realmente nunca fiz nada que chegasse perto do que a gente fez. Ouvir tantos depoimentos, conhecer pessoas com histórias de vida tão maravilhosas, que fizeram do seu problema um modo novo de viver. Aprendi muito como ser humano. Você vê essas pessoas e pensa que elas não tem sentimento, não precisam de uma ajuda maior. E na verdade é justamente o contrário! Nós estivemos ali perto e sentimos aquilo tudo. Confesso que muitos daqueles depoimentos me deixaram noites sem dormir.
Jangadeiro Online – Você imaginava que a série teria toda essa repercussão?

Camila Rocha – A equipe inteira sabia que faria um trabalho bom, mas realmente não imaginávamos que teria toda essa repercussão.

Jangadeiro Online – Você se emocionou em alguma entrevista?
Camila Rocha – Eu te confesso que quando estou fazendo uma matéria, sou muito profissional, às vezes até meio durona. Mas levo aquilo comigo e fico dias com aquilo na cabeça. E sofro muito. Fiquei noites sem dormir com a história do rapaz que vivia acorrentado. Mas na hora não. Na hora eu sou a jornalista. Mas depois eu sinto. Na verdade você se sente impotente de não poder ajudar
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Jangadeiro Online – E você teve alguma dificuldade para entrevistar os doentes?

Camila Rocha – Não. Muita gente perguntou:” você não teve medo de entrar lá?” Mas, medo de quê? É claro que existem algumas pessoas que, quando estão em momentos de crise, são muito agressivas. Mas quando elas estão nesse momento, elas ficam mais quietas. E eu percebi que elas querem, acima de tudo, respeito. Então elas não teriam porque me agredirem se nós estávamos tratando-as com respeito. Tentávamos uma abordagem tranquila. Observamos muito antes de nos aproximar e muitas delas correram pra cima da equipe. Uma coisa que eu recebi, e muito, principalmente no hospital de Messejana, foi carinho. Muito carinho. Agressividade nenhuma. Eu adorei ir pra lá! Fui duas vezes. Foi muito tranquilo. A abordagem foi tranquila inclusive aos moradores de rua. A gente ia se aproximando aos poucos. E quando a gente via que a pessoa aceitava a nossa aproximação, íamos conversar. E a gente respeitava quem não queria.

Informações; Jangadeiro Online