Tornou-se normal ligarmos a TV ao meio dia e nos depararmos com cenas deploráveis. Pessoas sendo expostas em situações desumanas: corpos perfurados, membros mutilados, pessoas pegando fogo… cidadãos acusados sendo condenados sem o devido julgamento, e varias outras atrocidades aos direitos humanos é o que assistimos todos os dias. Isso é a verdadeira TV brasileira?
Programas cearenses desse tipo temos vários, tem emissora divulgando que faz jornalismo de verdade, imparcial, e com credibilidade e o pior com esse formato, temos ainda que aturar os apresentadores oferecendo dinheiro pro telespectadores que assistem.
Deve-se dosar a realidade com prudência. A alegação de ilustrar a “vida real” não é argumento suficiente para infringir princípios constitucionais - inúmeros os violados, tudo em prol econômico deles próprios. Por mais maquiagem de função social que se dê, a verdade é que se vende a imagem e o sofrimento das pessoas, violam-se seus direitos e nada é feito. Cobre-se tais programas com certa aura beneficente e quem enxerga além dela e aponta suas incoerências passa por burguês elitista, “almofadinha”, para manter certo nível no linguajar.As conseqüências são visíveis: ao se mostrar a violência, ela tende a aumentar, e o que antes era espectador passa a ser protagonista. A TV perde sua pretensa função educativa e “o sistema fica ainda mais bruto”.
Alguns programas escapam, pois estão adotando um novo formato, mais informativo com um línguagem formal e não apelativa além de conteúdo jornalístico mais adequado pro horário. Exemplo, o Barra Pesada, que conquista a vice-liderança passando o principal concorrente cidade 190.
Direito à privacidade, direito à honra, a um julgamento justo, etc. Tudo isso não existe para quem “cai nas garras” dos repórteres de determinados programas. Já pensou o quanto deve ser difícil para alguém que aparece apontado como ladrão na TV conseguir um emprego, mesmo depois de inocentado em juízo? A dignidade, tanto de espectadores quanto de “participantes” do programa é ignorada. Esses programas acabam se tornando promotor, júri e juiz de suas vítimas passivas.
O horário inapropriado, as imagens marcantes e a conduta acusativa dos repórteres os tornam uma afronta aos direitos básicos dos cidadãos.E o povo assiste ao circo de horrores enquanto come o pão de cada dia.
Texto: Pense Direito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário